Normalmente o motociclista se preocupa com a marca do óleo que
utiliza. Porém, conforme onde iremos rodar, características de clima e
mesmo de condições da pista, o uso do óleo está diretamente ligado as
suas especificações e classificações.
Olhando a tabela acima, vemos que o óleo 20W40 é mais que suficiente
para se rodar no Brasil, visto que no país ninguém anda abaixo de -5ºC e
dificilmente teremos 50ºC de temperatura, muito embora o Rio de Janeiro
esteja, neste verão, bem próximo disso!
Os óleos lubrificantes são substâncias utilizadas para reduzir o
atrito de funcionamento do motor, lubrificando, limpando e aumentando a
sua vida útil. Para tanto, é extremamente importante entendermos alguns
termos que nos deparamos quando precisamos decidir qual óleo deveremos
utilizar nas nossas máquinas, principalmente quando estamos rodando em
outros países.
Os óleos lubrificantes podem ser de origem animal ou vegetal (óleos
graxos), derivados de petróleo (óleos minerais) ou produzidos em
laboratório (óleos sintéticos), podendo ainda ser constituído pela
mistura de dois ou mais tipos (óleos compostos).
As principais características dos óleos lubrificantes são a viscosidade e a densidade.
A viscosidade mede a dificuldade com que o óleo escorre (escoa);
quanto mais viscoso for um lubrificante (mais grosso), mais difícil de
escorrer, portanto será maior a sua capacidade de manter-se entre duas
peças móveis fazendo a lubrificação das mesmas.
Densidade indica o peso de uma certa quantidade de óleo a uma certa
temperatura, é importante para indicar se houve contaminação ou
deterioração de um lubrificante.
Para conferir-lhes certas propriedades especiais ou melhorar alguma
já existentes, porém em grau insuficiente, especialmente quando o
lubrificante é submetido às condições severas de trabalho, são
adicionados produtos químicos chamados de aditivos.
Os principais tipos de aditivos são: antioxidantes, anticorrosivos,
anti-ferrugem, antiespumantes, detergente dispersante, melhoradores do
Índice de Viscosidade, agentes de extrema pressão, etc.
Classificações dos Óleos para Motores
Para facilitar a escolha do lubrificante correto para veículos
automotores várias são as classificações, sendo as principais a SAE e
API.
Classificação SAE:
Estabelecida pela Sociedade dos Engenheiros Automotivos dos Estados
Unidos, classifica os óleos lubrificantes pela sua viscosidade, que é
indicada por um número. Quanto maior este número, mais viscoso é o
lubrificante e são divididos em três categorias:
Óleos de Verão: SAE 20, 30, 40, 50, 60
Óleos de Inverno: SAE 0W, 5W, 10W, 15W, 20W, 25W
Óleos multi-viscosos (inverno e verão): SAE 20W40, 20W50, 15W50, 15W40, etc.
Obs: a letra “W” vem do inglês “winter” que significa inverno.
Graus menores suportam baixas temperaturas sem se solidificar ou
prejudicar a "bombeabilidade" do motor. Um óleo do tipo mono grau (SAE
90) só pode ser classificado em um tipo escala. Já um óleo multi grau
(SAE 15W40) se comporta a baixa temperatura como um óleo 15W reduzindo o
desgaste na partida do motor ainda frio e em alta temperatura se
comporta como um óleo SAE 40, tendo uma ampla faixa de utilização (de
-15ºC até 50ºC).
Classificação API:
Desenvolvida pelo Instituto Americano do Petróleo, também dos Estados
Unidos, baseia-se em níveis de desempenho dos óleos lubrificantes, isto
é, no tipo de serviço a que a máquina estará sujeita. São classificados
por duas letras, a primeira indica basicamente tipo de combustível do
motor e a segunda o tipo de serviço.
Para motores de veículos leves (Ciclo Otto) o “S” de Service Station
(Postos de Serviço, Garagem) ou Spark (Faísca / Centelha), e a outra
letra define o desempenho.
O óleo SJ é superior ao SH, isto é, o SJ passa em todos os testes que
o óleo SH passa, e em outros que o SH não passa. O Óleo SH, por sua
vez, é superior ao SG, assim sucessivamente.
O Instituto Americano do Petróleo (API) estabelece estes parâmetros
de desempenho, através de uma sequência de testes complexos e
específicos, de acordo com metodologias padronizadas pela ASTM (American
Society for Testing and Materials).
A troca de óleo:
As recomendações dos fabricantes em relação aos intervalos para mudar
o óleo baseiam-se em condições extremas de condução. Estas condições
nem sempre correspondem às viagens longas em autoestrada. Quanto mais
curtas forem as viagens, menor deve ser o tempo entre cada troca de
óleo. Viagens curtas (inferiores a 15 Km), conduzir em estradas com
muita areia ou poeira, ar frio que impeça o motor de aquecer totalmente
até alcançar uma temperatura normal de funcionamento, ou se o motor
trabalhar em condições severas (altos giros de funcionamento por
períodos prolongados), são fatores que provocam a degradação do óleo.
Estatísticas mostram que a maioria dos motociclistas que utilizam
seus veículos, nas cidades, enquadram-se em uma dessas condições acima,
requerendo trocas de óleo do motor com intervalos menores.
Sintético ou Mineral
A principal diferença entre os dois está na manutenção da
estabilidade da viscosidade do produto. O sintético mantém a
estabilidade por mais tempo do que o mineral, mas há outros fatores
relacionados que costumam influir nessa teoria, como a qualidade da
gasolina, por exemplo.
Por não ser puro (pois a gasolina leva na mistura álcool), o
combustível provoca o aparecimento de substâncias que fazem com que a
estabilidade obtida pelo óleo sintético não seja tão efetiva, diminuindo
a capacidade de lubrificação, o que é grave principalmente em motores
de alto desempenho.
O óleo semi-sintético foi criado para ser um meio termo entre o
mineral e o sintético. Nesses casos, basta seguir as orientações das
empresas fabricantes de motocicletas constantes nos manuais que vem
junto com a moto.
Dicas importantes:
1 - Nunca misture óleo sintético com mineral, pois algumas marcas de
óleo sintético não se misturam ao mineral. Também não se deve misturar
óleos sintéticos com semi-sintéticos, pois poderá haver
incompatibilidade entre aditivos, ocasionando até mesmo a neutralização
de alguma função. No caso de óleos minerais com o mesmo nível de
desempenho e mesmo grau de viscosidade, não há problema em misturá-los;
2 - Quando se utiliza um lubrificante com nível de desempenho
inferior ao recomendado pelo fabricante do veículo, mesmo reduzindo o
período de troca, pode haver problemas de formação de borra devido ao
envelhecimento (oxidação) precoce do lubrificante, ou comprometimento da
função de lubrificação do motor pelo óleo;
3 - Os óleos lubrificantes de qualidade já possuem, de forma
balanceada, todos os aditivos para que seja cumprido o nível de
desempenho ao qual foi desenvolvido. Não há testes padronizados que
avaliem o desempenho de mistura de óleos com aditivos extras. Pode haver
incompatibilidade entre o óleo lubrificante e a aditivação suplementar e
a borra é uma consequência deste problema;
4 - Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o nível correto
de óleo no motor se encontra entre os dois traços e não só no traço
superior. Se o óleo fica abaixo do mínimo da vareta, o motor pode ser
prejudicado por falta de lubrificação. Se o óleo fica acima do máximo da
vareta, haverá aumento de pressão no cárter, podendo ocorrer vazamento e
até ruptura de bielas;
5 - É importante que se espere pelo menos 5 minutos após o motor ter
sido desligado para se medir o nível do óleo. Isto porque, neste tempo, o
óleo vem descendo das partes mais altas do motor para o cárter e assim
podemos ter a medida real do volume de óleo.
Filtros de Óleo:
O filtro de óleo tem fundamental importância para manter o óleo limpo
e impedir que resíduos da contaminação (sujeira do ambiente, partículas
de desgaste de componentes, etc.) passem para o motor e venham a causar
danos. Ao comprar um filtro de óleo é importante seguir as instruções
dos fabricantes da motocicleta, observando inclusive o período de
substituição deste. As impurezas existentes no óleo e não retidas no
filtro, passam a circular no óleo e provocam rapidamente o aumento do
desgaste de várias peças do motor.
Agora que você sabe tudo sobre óleos lubrificantes, o motor da sua
moto vai respirar saúde e falar alto sem aparecer aquele barulhinho fora
do normal. Lembre-se que de uma boa lubrificação depende o desempenho, a
durabilidade e o bom retorno na venda de sua moto!
Fonte: Texto feito pelo motociclista Luiz
Azevedo, com pesquisas no site Wikipédia, sites de fabricantes de
lubrificantes e outros especializados em motos.